Oitavo motivo. Enfim, o que de certo modo nos impelirá mais fortemente ainda para esta Devoção à Santíssima Virgem é ser ela o meio admirável para perseverarmos na virtude e sermos fiéis. Por que é que a maior parte das conversões dos pecadores não são duradouras? Por que recaem eles tão facilmente no pecado? Por que é que a maior parte dos justos, em vez de ir de virtude em virtude e de alcançar novas graças, perdem muitas vezes as poucas virtudes e graças que possuem? Esta desgraça provém, como já acima mostrei (nn. 87-89), de que estando o homem tão corrompido, tão fraco e inconstante, se fia em si próprio, se apóia nas suas próprias forças e se julga capaz de guardar o tesouro das suas graças, virtudes e méritos.
Por meio desta Devoção, confiamos à Santíssima Virgem e sabemos como Ela é fiel - tudo o que possuímos. Tomamo-la como depositária universal de todos os nossos bens da natureza e da graça. Confiamo-nos à sua fidelidade, apoiamo-nos no seu poder e fundamo-nos na sua misericórdia e caridade, a fim de que conserve e aumente as nossas virtudes e méritos, apesar dos esforços que o demônio, o mundo e a carne fazem para no-los roubar. Dizemos-lhe como um bom filho à sua mãe e um fiel servo à sua senhora: “Guardai o meu depósito!” (1 Tm 6, 20). Minha boa Mãe e Senhora, reconheço que, por Vossa intercessão, recebi até hoje mais graças de Deus do que merecia. A minha triste experiência me ensina que trago este tesouro num vaso muito frágil, e que sou demasiado fraco e miserável para o conservar em mim: “Sou novo e desprezado” (Sl 118, 141). Recebei, por favor, em depósito, tudo quanto possuo, e conservai-mo por Vossa fidelidade e poder. Se me guardardes, nada perderei; se me sustentardes, não hei de cair; se me protegerdes, estarei ao abrigo dos meus inimigos.