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5) Ela lhes faz obter, enfim, a bênção do Pai celeste, embora naturalmente não a devessem receber por não serem os primogênitos, e apenas filhos adotivos. Com estas vestes inteiramente novas, muito preciosas e muito perfumadas, e com o corpo e a alma bem preparados e aprontados, aproximam- se confiadamente do leito de repouso do Pai celeste. Ele os entende e distingue pela voz, que é a do pecador; apalpa- lhes as mãos, recobertas de peles; sente o aroma dos seus vestidos; come com prazer o que Maria, a Mãe deles, lhe preparou. E reconhecendo neles os méritos e o bom odor de seu Filho e de sua Santa Mãe:
1º. Ele lhes dá uma dupla bênção. A bênção do orvalho do Céu (Gn 27, 28), que é a graça divina, semente da glória: “Deus abençoou-nos em Jesus Cristo com toda a bênção espiritual” (Ef 1, 3). E a bênção da fecundidade da terra (Gn 27, 145 - 28), isto é, este Pai bondoso dá-lhes o pão quotidiano e uma suficiente abundância dos bens deste mundo.
2º. Ele os constitui senhores dos outros seus irmãos, os réprobos, embora esta primazia nem sempre se manifeste neste mundo, que passa num momento (1 Cor 7, 31). Neste mundo são muitas vezes os réprobos que dominam: “Os pecadores se vangloriarão com discursos e se exaltarão” (Sl 93, 3-4). “Vi o ímpio exaltado e elevado” (Sl 36, 35). Mas essa primazia não deixa, por isso, de ser verdadeira, e aparecerá manifestamente no outro mundo, pela eternidade afora. Lá os justos, no dizer do Espírito Santo, “dominarão e imperarão sobre as nações” (Sb 3, 8).
3º. Sua Majestade não se contenta só com abençoar as suas pessoas e os seus bens, mas estende a sua bênção a quantos os abençoarem, e a sua maldição a todos os que os amaldiçoarem e perseguirem (Gn 27, 29).