226

Embora o essencial desta Devoção consista no interior, não deixa de compreender várias práticas exteriores, que não se devem negligenciar. “É preciso fazer estas coisas, mas sem omitir aquelas” (Mt 23, 23). A razão disto esclarece-se, quer porque as práticas exteriores bem feitas ajudam as interiores, quer porque lembram ao homem, que sempre se guia pelos sentidos, o que está fazendo ou o que deve fazer. Também podem edificar os que as vêem, o que não sucede com as puramente interiores. Portanto, que nenhum mundano critique, nem aqui meta o nariz, para dizer que a Verdadeira Devoção reside no coração, que é preciso evitar as exterioridades, que pode haver nisso vaidade, que é preciso ocultar a devoção, etc. Respondo-lhes com o meu Mestre: “Que os homens vejam as vossas obras boas, e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). Não que se devem fazer as ações e devoções exteriores, como diz São Gregório, para agradar aos homens e tirar daí algum motivo de louvor, pois isso seria vaidade. Mas por vezes fazem-se diante dos homens com o fim de agradar a Deus e de, por este meio, o fazer glorificar, sem a preocupação do desprezo ou louvor dos homens. Mencionarei apenas, em resumo, algumas práticas exteriores, a que chamo exteriores não porque sejam feitas sem o interior,as porque têm qualquer coisa de exterior, que as distinguedas que são puramente interiores.