VI. Recitação do Magnificat

255. Sexta prática. Para agradecer a Deus pelas graças que concedeu à Santíssima Virgem, dirão freqüentemente o Magnificat, a exemplo da bem-aventurada Maria d’Oignies e de muitos outros santos. É a única oração e a única obra composta por Maria, ou, melhor, que Jesus fez por meio dela, pois ele fala pela boca de sua Mãe Santíssima. É o maior sacrifício de louvor que Deus já recebeu na lei da graça. É, dum lado, o mais humilde e o mais reconhecido e, doutro, o mais sublime e mais elevado de todos os cânticos. Há neste cântico mistérios tão grandes e tão ocultos, que os próprios anjos ignoram. Gerson, que foi um doutor tão sábio quanto piedoso, depois de empregar grande parte de sua vida escrevendo tratados cheios de erudição e piedade, sobre os mais difíceis temas, tremeu e vacilou no fim da carreira, ao empreender a explicação do Magnificat, com que tencionava coroar todas as suas obras. Num volume in-folio, ele nos diz coisas admiráveis do belo e divino cântico. Entre outras, afirma que a Santíssima Virgem o recitava muitas vezes sozinha, principalmente depois da santa comunhão, em ação de graças. O sábio Benzônio, num explicação do mesmo cântico, cita vários milagres operados por sua virtude, e diz que os demônios tremem e fogem, quando ouvem as palavras do Magnificat: “Fecit potentiam in brachio suo, dispersit superbos mente cordis sui” (Lc 1, 51).